terça-feira, 9 de agosto de 2011

Uaréview: Balada do Amor e Òdio

Publicado originalmente em: http://www.uarevaa.com/2011/08/balada-do-amor-e-odio.html


Uaréview
Por Monitor


Ultimamente estou ficando muito fã do cinema espanhol.O motivo? Eles conseguem passar um ar nacionalista, parecer e transparecer que é um filme genuinamente de seu país, e ao mesmo tempo conseguem brincar com temas que, pelo menos no cinema brasileiro, se não são feitos por muitos,são vistos como preconceito. Tive a oportunidade de conhecer o trabalho de Alex de La Iglesia no ótimo 800 Balas (que já falei sobre no CinemaScope) e no festival RioFan tiver a chance de ver seu novo filme antes do lançamento nacional, no caso Balada Triste de Trompeta, por aqui conhecido como Balada do Amor e Òdio.

Antes de mais nada vamos a história: durante a Guerra Civil espanhola, um palhaço de circo (Santiago Segura) é convocado a força para a guerra e após isso é mantido prisoneiro pelo novo regime do país.

Anos depois, seu filho Javier (Carlos Areces) se torna o Palhaço Triste de um circo na periferia, sendo companheiro do Palhaço Feliz Sergio (Antonio de la Torre). Se Javier é timido e assustado com tudo, Sergio é violento e opressor a todos no circo. O problema começa quando Javier se apaixona pela mulher de Sergio, Natalia (Carolina Bang), que inocentemente acha que pode ficar com os dois, sem saber que suas ações desecadearam uma espiral de loucura, morte e deformidades entre os dois palhaços.

O filme se alinha com eventos reais da historia politica da Espanha, mas você não precisa ser um historiador para ver o filme, o mesmo passa todas as informações necessarias para você saber o que acontece no país.No caso essas mudanças são importantes, pois os cenários de representação do progresso do país e dos militares no poder estão intimamente ligados Javier e sua raiva dos militares, que aprisonaram, escravizaram e mataram seu pai. Normalmente um cara timído e retraido, quando enlouquece sua raiva é focada apenas para os militares e Sergio, nunca matando pessoas inocentes, mas são significando que ele as machuque quando incomodado.

Já Sergio, que praticamente domina o Circo pelo fato dele ser a atração principal, é dominador, opressor e extremanente violênto quanto quer, mas assim que é deformado por Javier, seu mundo cai, e toda a sua busca é para recurpar a gloria e o prazer de algo que ele realmente gostava.Apesar de ser quase um maniaco, ele gostava e se sentia bem em fazer as crianças felizes, porque indiretamente deixava ele feliz sem ter que machucar ninguem.

No fim desse triângulo temos Natalia, a malabalista, uma mulher extremamente bonita, mas que não sabe exatamente o que quer. Ela gosta de Javier porque a trata com respeito, mas gosta de Sergio porque satisfaz suas necessidades sexuais, ou seja, por tanto procurar felicidade pelos outros, acaba não tendo respeito por si próprio. Só acaba correndo atrás disso quando o pior acontece.

No caso, o filme foca mais no romance no primeiro ato do filme, até que a situação explode no fim deste, quando Javier quase mata Sergio e o deforma, depois disso fugindo e ficando maluco.Se antes a questão era ver quem conquistava o amor de Natalia, agora Sergio e Javier buscam nela algo quase divino, como se a presença dela fosse normalizar as coisas para ambos os lados.No segundo ato, deixa de ser amor e vira uma devoção doentia, ela deixa de usar os palhaços como objeto para ela se tornar o objeto, que só quando Natalia é pressionada novamente para escolher um deles que o amor verdadeiro e velho conflita vem a tona.

Alex de La Iglesia nos trás um filme bastante equilibrado, que usa e abusa das caracteristicas principais não só do diretor, mas do cinema fatástico espanhol em geral.O unico problema pra mim é que o gancho para o terceiro ato foi forçado demais, mas isso não tira o fato do filme ser mais um acerto do diretr.Ele não tem medo de barçar o bizarro e mostrar o quão fundo o ser humano pode ir e mostrar sua verdadeira face, seja ela feliz ou triste.

NOTA:9.0

Titulo original: Balada Triste de trompeta
Ano: 2010
Com: Carlos Areces, Antonio de la Torre and Carolina Bang
Direção:Álex de la Iglesia
Estúdio: Magnet (USA)



OBS: Alex de La Iglesia tem o dom de escolher as mulheres mais gostosas da Espanha em seus filmes, PQP.