terça-feira, 12 de abril de 2011

CinemaScope: Metropolis Versão Restaurada

Publicado originalmente em: http://www.uarevaa.com/2011/04/cinemascope-metropolis-versao.html


Tive a honra de ver no Theatro Municipal carioca a versão restaurada e com orquestração ao vivo de um classico da ficção ciêntifica no cinema: Metropolis. Mas antes de falar sobre o filme, vamos uma aula de história. Continua abaixo.

Bem, muitos rolos do filme estavam perdidos por aí, espalhados pelo mundo, omitindo e encurtando partes importantes da história do filme. Só que alguns anos atrás na Argentina (tenho uma teoria que Hitler levou os rolos perdidos do filme para lá) foi encontrados muitos destas partes perdidas, mas com legendas em espanhol e no formato 16mm, diferente do padrão 35mm exibidos em todos os cinemas. Mas a maioria destas partes só extendem certas partes importantes do filme, o que é interessante por causa do desenvolvimento dos atores, mas por exemplo a cena da igreja que o padre descreve o apocalipse (no mundo do filme) e a sequência de luta entre Joh Fredersen(Alfred Abel) e C. A. Rotwang (Rudolf Klein-Rogge). Mesmo com o material em pessimas condições, as partes que faltaram foram restauradas, não ao ponto de ficar perfeito, mas visivel suficiente.


Agora vamos a história: no futuro, a utopía tecnológica foi alcançada graças a Joh Fredersen e sua moderna e futuristica cidade Metropolis, que junto com os Jardins Eternos, onde o ser humano tenta alcançar sempre mais a perfeição fisica e intelectual, pavimenta os rumos da humanidade. Mas Metropolis é sustentada por um mundo subterraneo industrial, onde os trabalhadores não tem outra pespectiva de vida a não ser manter a cidade funcionando.


Dentro deste cenário, somos apresentados a Maria(Brigitte Helm), a messias do subterraneo que acredita que falta um elo entre as 3 comunidades para se que possa alcançar a verdadeira utopia.O filho de Fredersen, Freder(Gustav Fröhlich), cansado da mesmisse da vida em metropolis, se apaixona a primeira vista por Maria e decide se mudar para o subterrâneo para se aproximar de seu amor. Mas as suspeitas de uma revolução por parte dos trabalhadores faz que Fredersen recorra ao seu ciêntista principal e antigo rival pelo amor de sua mulher, C. A. Rotwang, para que arrume o jeito de confrontar esta situação. A solução dada pelo Homem da Ciência e infiltrar entre os pobres uma ciborgue que ninguem distinguirá se ela é humana ou não. Mas ninguem faz idéia dos planos de vingança de Rotwang, que pode levar a ruina de Metropolis e a morte de inumeros inocentes.


Apesar de oficialmente a ficação científica e o cinema terem nascido e andando deste então juntos, seja com os livros Guerra dos Mundos, 20.000 Leguas Submarinas e o Viagem a Lua, Metropolis trouxe um aprofundamento do gênero dentro do cinema além de explorar ao maximo até então o que os épicos da época e o expressionismo alemão eram capaz de fazer. Como fã das tecnicas antigas de efeitos, ver o filme numa tela grande é uma experiência arrasadora, e depois de tantos anos ainda dá um cacete em muito efeito em CGI por aí.


E também é utilizado como alegoria da revolução industrial e da religião, essa especialmente, e também da própria situação do país, que se recuperava da primeira guerra com avanço industrial assombroso e um começo de divisão mais brusca da sociedade.Não que o filme seja sobre a anscenção do nazismo, de forma alguma, mas seja qual for a sociedade se ela começar a crescer descontroladamente o seu proprio inimigo será ela mesma.


E neste cenário que Rotwang aparece como o homem da razão com ações movidas pelas dores do coração. Devotamente apaixonado por Hell, antiga esposa de Fredersen, ele decide criar um ciborgue para substituir seu amor falecido. Inumeras referencias ao cristianismo estão presentes no longa, usando religião como o combustivel do povo e renegado a cultura (literalmente) undergound, enquanto Sodoma e Gomorra são vendidos aos homens ricos e cultuados pelos mesmos, sem saber que aquilo so leverá a ruina. Assim como a imagem do deus (na forma de Maria) pode ser um instrumento tanto para o bem quanto para o mau, sendo que no caso a falsa Maria é uma arma da ciência que serve pro ponto de vista de Rowling o que exatamente a religião, ou o culto a qualquer coisa é no ponto de vista do ateu (vou dizer "ateu" por falta de palavra melhor no momento): uma arma de controle das massas.


A maquina é vista como o devorador de homens, um dêmonio do sacrifico para que aqueles que estão acima de nós possam viver bem. Também temos o proletáriado, tendo que viver no submundo, e ludibriado pela Falsa Maria pode condenar seus filhos e o futuro da cidade a destruição.Enquanto por outro lado a beleza e luxuria da ciborgue é utilizada para enlouquecer os homens e deixar a cidade em pecado.Engraçado como a imagem do "diado" é criado pelo homem e como a santidade tem que viver no subsolo, no frio e na escuridão, uma inversão de valores interessantes.


Aqui no Rio de Janeiro foram exibidos durante os dias 21, 22,23 e 24 de março com formato 35 mm no Theatro Municipal por preços acessiveis os lugares mais altos e mais caros nos lugares mais abaixo. Destaque também para a ótima trilha sonora feita por Gottfried Huppertz e orquestrada por Silvio Viegas, que deixou tudo mais épico, especialmente ao vivo. Um classico do cinema e da ficção ciêntifica, Metropolis ainda hoje é influência uma serie de filmes e por ter passado pelo teste do tempo e ainda gerar tanto interesse só comprova a sua força. Mas pra quem não pode estar lá no momento, relaxem, o filme está em dominio publico e você pode assisti-lo aqui.


NOTA: 10.0