domingo, 31 de janeiro de 2010

Revirando o Baú: V de Vingança ( filme de 2006)


Estava nas ferias,longe de tudo e de todos,com o pé engessado, vendo alguns filmes antigos.Daí, relembrando alguns filmes que eu curtia, decido criar essa coluna só pra falar de filmes antigos.Bons,ruim, mas principalmente, filmes que eu curto,esse é o momento de relembrar velhos filmes (e nesse primeiro caso,velhas polêmicas).

Um do filmes do qual eu gosto muito e revi nesse tempo ocioso foi V de Vingança.Sim, estou desenterrando velhas polêmicas agora, porque quase toda obra de Alan Moore adaptada para outra mídia gera fanboys babando que nem cachorro louco e muitas discussões, a maioria delas por perca de tempo.Como já falei no meu review de Watchmen, Alan Moore está 50 % certo, 50% errado.E V de Vingança não é exatamente uma adaptação de HQ, mas uma adaptação da idéia mostrada na HQ e do gênero em si.Não entendeu? Espere mais um pouco que eu te explico.

Na trama, que deixa de se passar na década de 80 para a nossa atual,vemos os EUA completamente devastados,e a Inglaterra como grande poder político e econômico no mundo.Comandado por uma ditadura fascista e preconceituosa, e por suas sub-divisões governamentais que mantém o pais na rédea curta, todos vivem uma falsa sensação de segurança.No feriado de Guy Fawkes, 5 de novembro, o destino (assim podemos chamá-lo se você acredita nele) de uma jovem moça se cruza com um misterioso terrorista do qual todos chamam de Codinome V, que tem ligação direta e indireta com todos os eventos políticos do passado, presente e da futura libertação do país do regime opressor, assim como de todos os personagens da ‘peça teatral”.

Com um elenco com vários atores da terra da Rainha (e alguns não) ,um casting solido foi formado.Hugo Weaving (com apoio temporário de James Purefoy, que pode se dar muito bem como Solomon Kane) trouxe uma boa interpretação de V (apesar da sua falha em comum com Evey,da qual falarei daqui a pouco), Natalie Portman sendo muito sexy sem querer e forte fazendo uma Evey Hammond mais madura do que a revista original, e Stephen Flea dando um feedback legal como o detetive e para o ótimo Roger Allam(que acabou virando parceiro dos Wachowski,participando no maravilhoso, porem renegado, Speed Racer) como a “Voz de Londres”, Lewis Prothero.

Destaco essa parte para Jonh Hurt e seu personagem, Sutler,(o nome é uma mistura de Hitler com S, o chanceler da HQ), e a forma de como ele foi mostrada no filme. Mesmo sendo o chefão de tudo, a dependência dele dos outros setores e de homens de confiança não necessariamente confiáveis para controlar o estado é algo interessante, e de como a dependência dele é utilizada como uma arma para a queda do próprio governo que ele tentou construir.Um homem que se acomodou no poder e só rebate a responsabilidade de suas decisões par os subalternos.

Continuado na vibe política-social da historia, percebe que os Irmãos Wacha-chá e o diretorJames Mcteigue optaram por se focar nos acontecimentos dessa época (o porque disso, já falei que irei explicar!).Temos doenças novas, do qual as suspeitas recaem no próprio governo, a televisão como meio de demagogia política e para controle das massas, descontrole do povo das ruas com protestos ao governo regente,e na TV, vilões representando “os inimigos da liberdade” (nesse caso,Storm Saxon com Black Label Society na trilha) contra o “forte e perfeito”representante do sistema controlador.


Mas o filme tem seus defeitos,e esses são os principais deles.O primeiro é a opção do tipo de relacionamento que eles decidiram mostrar sobre Evey e V. a graça na HQ é que ele (V) poderia ser qualquer um que ela conheceu na vida (um amigo,um namorado,seu pai), e a forma como se comportavam junto mudava muito a medida que ela o conhecia de fato.O filme seguiu a saída mais fácil e menos divertida de ver nesse caso, que é a do romance, de tentar transformar os 2 em pessoas apaixonadas e coisa do tipo.Bola fora tensa.

Em segundo lugar, é um problema mais estrutural, é na questão da hierarquia dos sub-setores que mantinham o governo em pé.Você tinha indiretamente a Dascomb e a”Voz de Londres” sondo a voz do governo, os “Ouvidos” vigiando o que as pessoas falavam,mas e os “Homens Dedo”? Eles eram seguranças noturnos? Dedavam as pessoas? Tiravam catota do nariz? Entende? Faltou definir melhor essas coisas no filme.


O terceiro eu ao sei se vocês vão concordar,ma deveria ter pelo menos uns 15,20 minutos a mais de filme para mostrar mais dos personagens pequenos mas importantes para a trama, como o padre pedófilo, a doutora Delia e Lewis Prothero.Terem tirado a cena das bonecas (os brinquedos, não as travestis) de Lewis ainda dói no peito,seria bacana pacas ver aquilo em carne e osso (apesar de elas estarem presentes, mas não da forma que aparece na revista).

Bem pra finalizar, foi uma adaptação? Não sei se poderia chamá-lo de adaptação.Porque não traduz em precisão exatamente todos os personagens e todos os eventos da revista original (como em qualquer adaptação, convenhamos).Mas pega os personagens e a idéia mostrada ali e faz algo baseado em um estilo parecido,as ficções classificada como “futuros distópicos”. Não que na revista não seja algo do tipo, mas não é concentrado essa característica no estilo principal.De certa maneira,o principal influenciador do filme não a grapic novel V de Vingança, mas filmes como Zardoz, Fahrenheit 451°,o estilo mostrado por lá.Tem sua base na HQ, mas mostrado,desmembrado e “ultimatezado” em um estilo que funciona e se encaixa melhor no cinema.Podem ter amenizado o terrorismo mostrado em tela, mas as idéias principais e o clima da HQ ainda estão presentes ( por exemplo,eu jurava que iam cortar Valerie, quando ela apareceu eu pirei!).E no fim das contas, as idéias é que contam, não?

NOTA: 8,5

Obs: Sem babaquice, HQ é HQ e filme é filme.Sendo uma adaptação, as idéias e o que faz o original ser foda sempre tem que estar presentes.Mas a HQ sempre vai prevalecer como a melhor, então sem churumelas,ok?