sexta-feira, 5 de junho de 2015

Review: The Flash - Primeira Temporada


Olá pessoal! Continuando aqui com os reviews de séries (que vou tentar fazer com mais frequência), dando destaque especial as séries da DC Comics, e seguindo o review de Arrow, vamos agora falar do Velocista Escarlate, que foi uma grata surpresa na segunda temporada do Arqueiro e que acabou ganhando seu próprio show. Barry Allen conseguiu deixar de ser um spin-off para brilhar de igual com outras séries ou falhou no processo? Confira abaixo:

1) Um mundo mais light, mas não menos perigoso

A principio, a grande diferença entre os "mundos" onde Arrow e Flash habitamk é sua tonalidade. Starling City é uma cidade portuária, bem industrial, com as diferenças sociais e econômicas sendo expostas de maneira bem explicita. Já Central City é ensolarada, alegre, feliz, grande centro econômico e cultural. mas não se deixe enganar, pelo fato de ser uma cidade mais "light" não signifique que não haja crime, mortes, e que seus moradores só façam escolhas corretas. Pelo fato do Flash ser light, e ser uma temporada de "construção do herói", ele comete erros, faz parcerias duvidosas, e as vezes o ato certo pode gerar consequências trágicas. Sim, o mundo de Flash é mais leve do que do Arrow, mas ambos coexistem como cidades (e cidadães) reais, diferente dos filmes de um certo estúdio que dentro do seu modelo fordista de criação acaba tirando todas essas moralidades que não tornam a trama melhor construída, mas plausível para aqueles que o acompanham a longo prazo...


2) Uma história sobre Pais

A figura dos pais foi sempre muito importante dentro do Universo DC, e isso em 'The Flash' é claramente explicito essa importância. Todo o movimento da série foi gerado a partir do assassinato de Nora Allen e pela prisão de Henry Allen, pais do Flash, graças as ações do Flash Reverso. Isso só não molda o futuro Barry Allen, e sua sede de justiça de libertar seu pai e levar o assassino de sua mãe a cadeia, mas faz o já pai Joe West assumir a paternidade de Barry, criando todo um vinculo diferenciado com seu segundo pai, assim também na figura mentora de Harrison Wells, mesmo que essa relação acabe tragicamente. Mas a figura mais forte ainda é de Henry Allen, do qual a interpretação de Grant Gustin e John Wesley-Shipp traz alguns dos melhores momentos emocionais da série, e se você não chorou em nenhuma cena entre os dois, sinto lhe informar que você não tem alma.


3) Grant Gustin is the real MVP

Se a participação de Grant Gustin calou muitas bocas (inclusive a minha) nos episódios em que ele apareceu em 'Arrow', o ator mostrou o seu verdadeiro potencial e, nas palavras do mesmo, se desafiou como ator em 'The Flash'. Seja nas partes cômicas ou emocionais, ele conseguiu fazer Ezra Miller ter o grande desafio pelas (inevitáveis) comparações que os dois devem ter pela frente, mesmo que ainda seja bastante cedo pra julgar. Foi o Barry clássico da Era de Prata, mas acrescentando muita coisa criada por ele, para tornar o personagem mais completo possível para que o show se propõe. Ver a evolução do herói e do ator em tela é uma das grandes gratificações desta temporada.


4) "Who is Harrison Wells?"

E não podemos ter um grande herói sem um grande vilão, e papel este que Tom Cavanagh cumpriu com maestria. A pergunta que não queria calar sobre a real identidade e intenções do cientista Harrison Wells levaram semanas e semanas de discussões entre os fãs entre mil e uma teorias sobre quem ele era, até que a verdade foi-se revelando aos poucos (e francamente, foi melhor desse jeito): Eobard Thawne, o Flash-Reverso, que roubou (de maneira bem gore) a identidade de Wells para poder finalmente voltar ao seu tempo, a sua casa.


Se por um lado, temos um inimigo obcecado em destruir sua contraparte, também vemos um homem que aprendeu a dar valor, em seu próprio jeito, a "família" construída no tempo em que ficou preso. Mas no final das contas, o que importante de fato é que ninguém pode ficar entre ele e seu sonho maior, o que não só depende também do grande desejo de Barry  para acontecer. Ironicamente, o plano de Eobard falha no momento que a hora da verdade chegou o desejo de Barry acabou não só sendo o oposto do ele pensava, mas sendo "reverso" também ao nível de intensidade ao longo do tempo.

5) "This is Hollywood Level Shit!"

A celebre frase falada nas redes sociais por Stephen Amell no final da segunda temporada de Arrow cabe que nem uma luva sobre o que foi a primeira temporada 'The Flash', e o nível técnico que ela proporcionou. Os produtores Andrew Kreisberg e Greg Berlanti prometera,m a cada semana trazer algo de qualidade técnica de um filme, e foi cumprido com louvor, trazendo efeitos especiais não só inacreditáveis em comparação aos que eles faziam até a poucos anos atrás, mas até mesmo o que é feito em filmes hoje em dia. De todos os exemplos que podemos citar, acho que a tarefa de trazer Grodd a vida, indo de efeitos práticos a digitais que supera até alguns blockbusters sendo exibidos por aí, e a impressionante cena do buraco negro sobre Central City são as mais impressionantes até então.


6) Expansão Agressiva - Part Deux

Se em Arrow o DC-CWverse teve um considerável crescimento, é em Flash que a bolha explode para todos os lados. Os crossovers com Arrow (e A.T.O.M.), muito bem feitos e cada episódio favorecendo a narrativa da serie a estar sendo exibida. Além disso, Flash introduziu Cisco Ramon (o herói Vibe, da Liga Detroid e America), Firestorm (até alguns de seus vilões como Multiplex e a futura Killer Frost- a doutora Catlin Snow). Mas teasers de mais heróis vindo vieram em peso na season finale, do qual não só apresentou Kendra Sanders (Hawkgirl) e estabeleceu Rip Hunter como o Time Master do spin-off  'Legends of Tomorrow' (que é basicamente a JSA do DC-CWverse), abriu (literalmente) um portal para terras paralelas (Jay Garrick!!! JAY GARRICK!!!) que podem dar desculpa de fazer QUALQUER crossover com qualquer outra emissora (ligada a Warner - e no mundo real- aquelas não ligadas a mesma). E com 'Supergirl' sendo produzida pelos mesmos responsáveis de 'The Flash', quem sabe um desses portais não se abre em National City...


7) A força dos coadjuvantes

Apesar de Grant Gustin fazer um ótimo trabalho, ele não foi o único a essa temporada a brilhar. Vale destacar o excepcional Joe West de Jesse l. Martin, Carlos Valdez fazendo Cisco Ramon roubar a cena inúmeras vezes, Daniele Panabaker sendo ótima como o lado opositor, porém complementar, de Cisco como Catlin Snow, além de Rick Cosnett, que fez um ótimo trabalho em seus episódios finais. Candice Patton fez uma excelente Iris West, mesmo que dentro da serie a trama segurasse um pouco o que ela poderia realmente fazer na história. Fiquei só decepcionado com Patrick Sabongui como o Capitão David Singh, dos vários chefes de policia presentes nas séries atuais da DC, ele é o que é menos explorado.  mas vale também ressaltar as participações especias, seja do elenco da antiga série do 'The Flash', seja de nomes de peso históricos da DC como Mark Hamill e Clancy Brown, seja de outros talentosos atores, que só ajudaram a aumentaram o brilho da série.


8) Galeria de Vilões

Não é só o Flash reverso que se destaca dentro dos vilões de Flash. O personagem tem uma das melhores galerias de vilões dos quadrinhos, e isso foi muito bem explorado na série. Temos a força física e psicológica de Grodd, duas gerações de Trapaceiros atuando juntos, Golden Glitter agindo como a femme fatale ideal nos sonhos/pesadelos de Cisco, os irmãos Mardon, que foram ótimos Magos do Tempo. Mas quem acaba se destacando mesmo é a reunião de 'Prison Break' feita pela dupla Heatwave e Captain Cold, que foram tão bons em seu trabalho que vão ser -por incrível que pareça- um dos heróis principais de Legends of Tomorrow. vale ressaltar que eu acho a relação de Cold com o Flash na série até melhor do que nos quadrinhos...


9) "Se você não corre você não vive"

Se em outras séries os produtores e roteiristas se seguram para fazer certas coisas, experiências (e cancelamentos) passados fizeram os produtores de Flash ficarem assustados, e acabaram tomando uma decisão que só ajudou a tornar a serie mais sensacional: eles não seguraram nada para depois, decidiram fazer TUDO que achavam e queriam fazer nesta temporada logo de cara, e se vocês olharem para trás, como eles fizeram bastante coisa e deixaram tudo coeso, sem excessos. A frase que Nora Allen diz a Barry se encaixa que nem uma luva aqui.


10) Um futuro brilhante

O episódio final investiu pesado nos elementos sci-fi que só de imaginar de como eles vão se aplicar na temporada seguinte já dá ao espectador certa dor de cabeça, já que na prática, toda essa temporada é uma realidade alternativa. Eddie Thawne se sacrifica para eliminar a existência de Eobard Thawne, enquanto a decisão não salvar sua mãe faz Barry por em risco não só Central City, mas a Terra, com o surgimento de um buraco negro que pode devorar o planeta. Vislumbres do futuro aparecem, para o bem e para o mal, e o que se esconde além do buraco negro? Outras terras, e possivelmente outros velocistas com a alcunha de Flash...


Veredito

A série, assim como seu personagem principal., começou correndo e nunca mais parou desde então, trazendo a melhor serie baseadas de HQs este ano até então, sem sombra de duvidas. Ela se balanceia entre diferentes tons, mais leves e pesados, porém sem perder sua essência, e seu coração, ao longo do caminho. E suas cenas desafiam os limites entre o que pode ser feito na TV e no Cinema em termos de ação e efeitos, mostrando porque o Flash é um dos personagens de maior sucesso da DC, que não poderia receber melhor presente de aniversário em seus 75 anos recém completados.

NOTA: 9.5