sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Review: Dredd 3D


A ultima vez que o maior personagem dos quadrinhos ingleses apareceu na telona, tinha um sério problema. Visualmente era impecável, mas faltava algo ali. No fim das contas, seja pelo estilo hollywoodiano que a história tomou, seja para atingir um publico mais amplo, o filme acabou não dando certo, nem com o grande publico e nem com os fãs.Mas isso não acontece com 'Dredd 3D', em definitivo.Honesto, direto, sem frescuras e sendo uma adaptação perfeita de tudo que Dredd é e representa. Saiba mais abaixo:

Mas antes de tudo, sobre o que o filme se trata? Numa América devastada por um ataque nuclear, Mega City One é uma das poucas cidades restantes do mundo, onde é fortemente vigiada pelos Juízes, que agem como juiz, júri e executor dos criminosos neste novo mundo.Considerado o melhor no que faz, Dredd (Karl Urban) terá que avaliar a Juíza Cassandra Anderson (Olivia Thirlby), que possui poderes psíquicos, em sua avaliação final para ver se ela é capaz de se juntar a força policial ou não. Durante um caso de assassinato no bloco 'Peach Trees', eles terão de encarar Ma-Ma madrigal (Lena Headey), sádica traficante de drogas, que irá defender de todas as maneiras a sua produção de Slo-Mo, nova droga que está se popularizando rapidamente na Mega-Cidade.Então, Rookie e Veterano terão o desafio de não somente de sair vivos do prédio, mas de desmantelar o cartel de drogas que domina todo o bloco.


Com um orçamento bem menor do que os blockbusters convencionais, porém com um controle muito maior sobre os personagens e a história, 'Dredd 3D' expõe todos os motivos de porque Juiz Dredd é O Cara. Karl Urban novamente trás uma atuação memorável, fria e sarcástica do personagem, assim como sua contraparte nas HQs. Olivia Thirlby fez uma atuação bastante competente de Anderson, expondo os perigos, as capacidades, e especialmente as opiniões dela perante tudo que acontece. A interação entre os dois é um dos grandes destaques do filme, não somente para mostrar como a força policial funciona em dois pontos de vista distintos, mas também dois estilos de vida distintos: Dredd vive pelo o que faz, e faz as coisas de maneira tão seca e direta que as vezes ele só quer ver sua missão concluída, sem realmente fazer a diferença ou receber algo em troca. Anderson, passando por sua primeira missão, ainda não foi lapidada e endurecida pela verdade das ruas, mas ao se fortalecer, não abandona seus conceitos. E isso em especial é que aproxima Dredd de Anderson, e faz ele tomar a decisão que ele toma: a justiça sempre vai precisar de uma identidade forte por trás, para que ela não se torne cega ou muito menos corrupta.E para um clone como Dredd, ter sua própria identidade e fazer isso valer no seu trabalho como Juíz é tudo que ele pode pedir a uma novata.


Sobre a vilã, Lena Headey ficou especialista em fazer mulheres fortes e /ou filhas da puta, e com Ma-Ma não é diferente.  Apesar de sempre proteger seus blocos, seu desejo de morte é evidente até o ultimo respiro: ela é uma guerreira cansada, sempre foi, deixando a vida passar mais devagar com o slo-mo e acelerando qualquer possibilidade de ter uma oportunidade de morrer.Outro vilão em destaque, e mais relacionado a Anderson, é Kay (Wood Harris), um dos importantes traficantes ao lado de Madrigal, mas que é o tipico covarde: ela sabe se for preso vai revelar tudo que conhece sobre os esquemas de Ma-Ma, e é responsável por toda confusão que acontece do filme, além de ser o inimigo psicológico de Anderson,que ataca seu lado mulher para enfraquecer seu lado juíza. Outro destaque que merece ser comentado é o 3D do filme, muito bem aplicado, especialmente quanto entra o efeito Slo-Mo,onde a aura de luzes ao redor de pessoas e objetos, até mesmo dos poros de sujeira, é aumentada, dando a real sensação de um efeito psicodélico, não apenas um simples "slow motion".


Muitos irão falar que a história é uma copia de 'The Raid', o que é uma heresia tremenda. primeiramente, ' Dredd 3D' se baseou levemente na saga 'Block Wars', que basicamente seguia a premissa de uma droga que foi jogada no reservatório de água, que gerou conflitou entre os Blocos e só tinham os Juízes como ultima linha de defesa contra o caos total.E foi tanta coincidência que até o diretor de 'The raid', Gareth Edwards, falou que as pessoas deveriam parar de julgar o filme como sendo uma cópia de 'The Raid', já que Dredd já estava gravado quando 'The Raid' começou sua pré produção.E junto com ele e 'Attack The Block', Dredd pra mim completa a trifecta de filmes fodões de apartamento (feitos a sério, não por universitários).


Outra coisa que os fãs mais atentos devem prestar atenção são os fantásticos easter-eggs relacionados ao mundo de Dredd, como os smileys de Chooper espalhados pela cidade, os nomes dos blocos, um poster de um filme que  conta a história de Owen Krysler (O Juiz Infante), Kenny Who, e muita confusão no memorial de Feergie. Destaque também para Jock, que conseguiu ser realista e trazer a sensação de grandeza e espetáculo que fazem parte do que é a revista original.


'Dredd' no fim das contas se torna um filme que cumpre o que promete, um filme de ação com camadas e personagens profundos e que fazem justiça aos quadrinhos da editora 2000AD. Isso tudo se deve a direção acertada de Pete Travis e especialmente da supervisão do roteirista, produtor e fã do personagem, Alex Garland, provando que quando os fãs tem acesso a esse tipo de material, muita coisa ótima pode sair. Deve, e merece ser visto mais de uma vez, especialmente porque quero ver A Terra Amaldiçoada e os Dark Judges nas sequências!

NOTA: 9,0