sexta-feira, 3 de junho de 2016

Short Reviews: DCTV temporada 2015-2016


Por motivo da mais absoluta preguiça (além de estar ocupado com outros textos que, acreditem, vão valer a pena a espera), decidi desenterrar o 'Short Reviews' para falar sobre as séries de TV da DC Comics, incluindo algumas que eu não tive a oportunidade de falar sobre em temporadas anteriores. Como a maioria das series se saiu? Qual foi a maior surpresa? E qual show merece sua desistência e porque é Arrow? Confira abaixo:

The Flash - Segunda Temporada



A melhor serie de TV da DC do ano passado começou bastante promissora e explorando como tema central a terra 2 e a ideia de mundos paralelos. O grande vilão da vez foi Hunter Solomon, Zoom (Teddy Sears), o primeiro grande vilão do 'Berlantiverse' que realmente é um psicopata, gerando ótimos momentos de tensão e o único episódio da série que se assimilou a um filme de horror (do qual aprovamos totalmente). A série também trouxe de volta Harrison Wells, no caso o Harry da terra 2, que se demonstrou um personagem com semelhanças com o Wells "clássico" ao mesmo tempo que traz algo novo e a altura do talento de Tom Cavanaugh. 

Além disso, continua desafiando Barry Allen a seguir em frente tanto como velocista quanto pessoa, mas é de sua natureza tomar decisões ligadas ao passado ou o que ele considera certo, e isso é que dá gosto de ver: não há só um crescimento dele como herói, mas também constantes testes dele como pessoa afim de que ele finalmente avance pra frente na vida. Mas vimos que, por melhor herói que Barry seja, ainda tem o peso de ter um passado que ele não pode ter mais, e forçar isso pode ter consequências desastrosas. E isso se estende ao que aconteceu na Terra 2 como um teste prematuro do futuro que iria vir, e das consequências que ele não consegue aceitar de maneira alguma. 

A segunda temporada começou num ritmo que criar o cenário para apresentar Legends of Tomorrow acabou a travando um pouco a história que queriam contar, mas da midseason pra frente o show recuperou o seu pique e trouxe uma leva de episódios de qualidade que culminaram num final que conseguiu ser ainda mais épico do que a da primeira temporada, e que ainda introduziu o Black Flash e fez (finalmente) John Wesley Shipp se tornar o (verdadeiro) Jay Garrick. O show pode não ter sido infalível como na primeira temporada, mas ainda se mantém fácil como um dos melhores seriados da TV recentemente. Nota: 8.5

Arrow - Quarta Temporada



Agora chegamos na parte complicada da história... Arrow foi o primeiro show pós Smallville e que abriu a leva não só de mais series de Tv da DC Comics, mas em quadrinhos em geral numa época em que se não acreditava que poderiam fazer coisas do tipo com a qualidade que se achava necessária. 'Arrow' não só provou ao contrário como era algo refrescante de se ver, não só em relação a seriados de quadrinhos, mas seriados em si. Mas, infelizmente,  já a muito tempo que Arrow um dia já foi o carro chefe da Era de Ouro dos Quadrinhos na TV (como comentado por mim aqui logo após a primeira temporada). Hoje em dia, Arrow virou uma chacota de si mesma, minando lentamente todos os elementos que a tornaram um dia grande afim de agradar uma parcela minima, mas bem vocal, da audiência que está mais interessada em acompanhar (e auto-refletir) a jornada da Felicity Smoak do que tentar contar minimamente uma boa história do Arqueiro Verde. Mas falar sobre a decadência de Arrow é contar uma história em 3 atos.

A terceira temporada de Arrow é bem irregular em comparação as anteriores, mas ainda havia espaço para se experimentar e se ousar no show, e isso é um crédito que ninguém pode tirar. Mas devido as (justas) reclamações, a abordagem foi mudada: saindo do "dark'n'gritty" e indo em direção que se assemelha mais ao Flash e a ideia de que tudo, TUDO pode acontecer. Temos Damian Dahrk, feito brilhantemente por Neil McDonaugh, que elevava o nível do show mesmo nos piores episódios da temporada/série. Um vilão da qual a base era mágica, e o caso raro dele ser constantemente na série, graças também a chegada da H.I.V.E. Dos episódios 01 a 08, o show parecia outro, graças ao fato de ter que se ligar com Legends of Tomorrow, que forçou o show a mostrar o que o pessoal realmente queria ver: focado nas ações dos heróis, com Canário Negro ganhando mais espaço como segunda heroína da série e suprimindo o máximo que dava da Felicity e o veneno que se tornou o "Olicity", vilões e acontecimentos que de fato fazia você se importar, o retorno das alegorias sociais e politicas. JOHN FUCKING CONSTANTINE! Não era só eles voltando as origens, mas o passo adiante num mundo com meta-humanos e viajantes do tempo.

Mas aí chegou o midseason finale, e lentamente os outros plots mais relevantes da temporada começaram a ficar mais suprimidos. A morte da Amanda Waller e a  relação entre Diggle e seu irmão? Suprimidos pelo fato de Felicity ter se tornado paraplégica. A campanha eleitoral de Oliver? Suprimido pelo relacionamento da mãe da Felicity com o capitão Lance. Sentiu o padrão? é como aquela cena do Wall-E que o Capitão finalmente percebe que nunca esteve no comando do Navio, e sim a inteligência artificial. Os roteiristas e produtores estavam claramente desistindo, ouvindo mais as opiniões dos fãs de Olicity guiarem o show do que a própria criatividade deles e os quadrinhos em si para dar um rumo a trama. E com isso, claro, a qualidade da serie caiu, e muito.

E com isso chegamos ao terceiro ato: a morte de Laurel Lance. Depois de esperar 3 temporadas para ela finalmente se tornar a heroína que esperávamos que ela fosse, depois de ter uma das melhores evoluções como personagem da série (e a unica, em todo show, que foi atualmente premiada por sua atuação, não por coisas como melhor shipping do ano) teve uma morte vazia, no sentido de choque gratuito, e pior, graças as escolhas dos roteiristas e diretores, resumiu seus últimos momentos de vida para falar sobre... Olicity. A morte dela não representa só a morte de tudo de bom que foi construído nos 3 anos de show, mas também do potencial que o show tinha e decidiu apenas não explorar em favor de alimentar a "Síndrome de Rose Tyler".

No fim das contas, tanto Laurel Lance quanto Katie Cassady eram boas demais pro que o show se tornou. A season finale foi risível de ruim, e a afirmação no fim para quem de fato eles estão fazendo o show, o que faz quem procura uma boa adaptação do Arqueiro Verde ou apenas uma boa história desistir de vez do seriado. Os estragos feitos foram irreversíveis, e pelo fato das Birds of Prey estarem com um filme engatilhado alimenta as esperanças que tanto a Canário Negro quanto o Arqueiro Verde vão ter uma adaptação live action relevante nas telas no futuro. Nota: 5.0

Legends of Tomorrow - Primeira Temporada



Legends of Tomorrow teve uma premissa ousada: a primeira série de equipes feita dentro do Berlantiverse, mas sem necessariamente heavy-hitters, mas sim personagens secundários de Flash e Arrow procurando seu espaço para brilhar. De escolhas óbvias como Atom e Firestorm até acréscimos fora da caixa como Captain Cold e Heatwave, a série tinha como objetivo expandir o Berlantiverse a novas fronteiras, tanto no passado como no futuro. E com isso acabou entregando o melhor show sobre a batuta de Berlanti, sendo por momentos Doctor Who, outros Star Trek, mas no geral um ótimo show de ficção cientifica, mesmo que sua abordagem que utilizava a estrutura mais clássica do que a moderna de ambos dos shows tenham a principio dado dificuldades pra quem não era acostumado a esse material em sua "forma bruta".

O eterno Centurião Arthur Darvill faz um ótimo trabalho interpretando um Rip Hunter com fortes influências da Era de Prata, além de uma boa utilização dos Gaviões, Carter e Shayera Hall, em especial a inusitada relação de Shayera com Ray Palmer (Brandon Routh, que eu sempre defendi, continuando a ser sensacional) que eleva a amizade dos quadrinhos a outro nível (além de ser um dos poucos romances do show feito de maneira certa). Caity Lotz fez provar que a ressurreição de Sara valeu a pena demais, Cold se tornou um dos personagens mais populares da série, mas Heatwave foi a grande surpresa, sendo o personagem com a melhor evolução do show. Jax Jackson junto com o Stein fazem uma dupla tão boa, ou até melhor, do que Stein e Raymond (apesar que ambos tiveram menos tempo de tela, ainda tinham uma ótima química -pun intended-), e Casper Crump fez um maravilhoso Vandal Savage, fazendo muita justiça ao personagem e dando um antagonista que você tem prazer em odiar.

O seriado não teve medo de economizar para ser grande quando era pra ser, e também tinha muita confiança que quando o espetáculo não iria vir, que os diálogos e atuações iriam segurar a barra, e foi uma aposta que se pagou maravilhosamente. A trama toda da temporada se torna um estudo sobre a noção de destino, e o que fazer com ele quando tudo indica que está previamente escrito. Não podemos mudar o que é inevitável no passado, mas podemos fazer valer que as decisões em nosso futuro sejam de nossa escolha, não de manipulação ou opressão por parte dos outros. E pra isso, inevitavelmente temos que encerrar o ciclo de quem eramos para encontrar aquilo que iremos ser.

Mesmo entendendo o adeus aos Gaviões (apesar da desculpa mal dada de Marc Guggenheim), já que duas temporadas seguidas focados neles poderia certamente bloquear outras, e mais interessantes possibilidades, eles sempre terão Thanagar para voltar numa terceira temporada. E falando em possibilidades. a épica chegada da Sociedade da Justiça da América em sua segunda temporada (e a muito enrolada estreia do Hourman em uma série de TV) já faz prometer que LOT vai manter o pique que conquistou em sua primeira temporada como o melhor programa do Berlantiverse. Nota: 9.0

Gotham - Segunda Temporada


Após uma primeira temporada muito boa, mas que estava procurando achar seu chão, Gotham veio com tudo numa espetacular segunda temporada. Vindo com trilogias, e mais pro final two-parters temáticos sobre arcos relevantes para a história maior, o seriado voltou mais violento, mais seguro de si e abraçando sem vergonha nenhuma o fato de que é baseado em uma história em quadrinhos e indo completamente beserk para esta direção.

Ainda no trajeto transformou Barbara Kean numa personagem que vale a pena permanecer no show, deu os primeiros passos na criação do conceito do Coringa (graças a Cameron Monaghan e seu clássico Jerome), deu um fechamento importantíssimo para a primeira etapa da jornada de Bruce Wayne a Batman, trouxe a primeira (e gloriosa) interpretação live action de Azrael e a ordem de São Dumas. Além disso, nos deus uma dadiva dos deuses na forma de BD Wong como Hugo Strange e Nathan Darrow como a redenção do Mr Freeze em live action, e enquanto Pinguim lida com sua queda e a real motivação de fazer o que faz, Edward Nigma dá seus primeiros passos como Charada, mesmo que ainda numa versão beta.

Numa temporada que não só mostrou a mudança radical do tipo de criminalidade na cidade, mas também levou James Gordon ao seu limite como pessoa e policial, a lição que fica é que não podemos escapar do nosso lado sombrio, mas podemos fazer algo para não ser engolido por ele, Há um preço, e um crescimento após isso, em se cruzar a linha, a questão que separa homens bons dos maus é se após aprendemos a nossa lição ainda insistimos nos mesmos erros.Gordon foi ao inferno e voltou, e provavelmente vai lidar com os futuros problemas da cidade de forma BEM diferente que se alinhem com sua moral na primeira temporada, mas com toda a sagacidade adquirida nesta temporada. E que venha a Corte das Corujas! Nota: 9.0

iZombie - Segunda Temporada



iZombie é uma serie que eu me arrependi em não ter escrito antes o quão sensacional ela é. Se antes a maioria não dava nada por lá, o seriado acabou virando as mesas e provando seu alto valor numa primeira temporada sensacional e que elevou o show a um status cult. A segunda temporada segue a história da primeira fechando o ciclo e germinando as sementes plantadas ao longo da primeira temporada. Apesar de não ter mostrado exatamente as consequências da escolha de Liv não doar o sangue para seu irmão (não transformando ele em zumbi) e o consequente afastamento de sua família, o show tinha coisas maiores e mais importantes.

Que coisas seriam essas? A ascensão de Vaugh Du Clark como grande vilão da história (e o maravilhoso fato dele ser completamente baseado no Michael Bay) e como ele manipula Major (e vice versa) ao longo da história, a ascensão e queda(?) de Blane, o surgimento do Mr Boss, que já deu sua fatia de dor de cabeça nessa temporada. e o iminente crescimento de uma epidemia zumbi em Seattle, o que não levou somente a Clive descobrir a verdade, o que afeta profundamente sua vida profissional e pessoal quando passou a namorar a agente do FBI que investigava o atentado ao Meat Cute, mas também a chegada de um novo inimigo que promete elevar o nível de risco na próxima temporada.

iZombie soube equilibrar perfeitamente a grande história a ser contada, e os casos do dia que dão a todo episódio um sabor único e especial, e isso não mudou de forma alguma na segunda temporada, apenas evoluiu. Além de elevar o nível dos conflitos, também fechou todos os arcos iniciados da primeira temporada enquanto as sementes para a terceira foram plantadas e lentamente germinadas. Assim como sua primeira temporada, iZombie é televisão de extrema qualidade e que entende muito bem do que se trata o conceito da série, e a decisão de minar esse conceito do que fazer uma adaptação mais literal mostrou que consegue extrair muito mais fora do formato de adaptação comum. Nota: 9.0

Lucifer - Primeira Temporada



Lucifer, spin-off do clássico Sandman de Neil Gaiman, ganhou sua série e seguiu o mesmo preceito de iZombie no sentido que decidiu focar no core do que se trata a história do personagem do que fazer uma adaptação mas literal, mas a abordagem aí tem diferenças da série anteriormente comentada. Ela de fato tem muito mais elementos da HQ em sua estrutura do que em iZombie, e seu core definitivamente é o mesmo, mas percorre um caminho diferenciado das HQs, o que deixou, como sempre, os mais puristas irritados.

Porém, os resultados foram surpreendentemente positivos. Lucifer pega a ideia principal do personagem, de sua busca por livre arbítrio, e mostra as dualidades de alguém que procura alcançar esse status de "pessoal livre" enquanto procura permanecer com o mesmo tipo de poder que possuía antes enquanto descobre seu próprio senso de humanidade. E isso acaba sendo estendido a todos os outros personagens, sejam anjos, demônios e até mesmo humanos, de se libertar das correntes que os prendem e qual é o papel de Deus, ou da figura maior que se eles procuram se colocar para alcançar ser o que eles querem.

O que começou sendo motivo de revolta acabou gerando em um dos melhores seriados da DCTV, que entrega drama policial, humor, conflitos psicológicos e confrontos místicos provando que todo e qualquer personagem tem espaço pra múltiplas interpretações no momento que se respeita o que faz esse personagem tão especial. Lucifer é uma celebração ao personagem nas HQs de uma maneira que consegue, ironicamente, ser livre como produto e se sustentar por si, e nos entregar ótimos episódios e personagem que desafiam o padrão que, que a principio, parecem se encaixar na hora de classificar a serie. NOTA: 9.0

E por hoje acabamos por aqui, espero que no próximo ano eu seja menos preguiçoso na hora de escrever (hehehe). Até a próxima!

PS 1: Para aqueles que desistiram de 'Arrow', a 'series finale' não oficial da série, mas que fecha os bons tempos da série em espírito, está presente em 'Legends of Tomorrow', em especifico no episódio 'Star City 2046'.

PS 2: Curtiu as mini resenhas? Então veja minha resenha mais detalhada da primeira temporada de Supergirl aqui.