sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Review: Justice League - Origin


Dizem que um acontecimento pode mudar tudo. Uma palavra, um ato e até mesmo uma história. Foi assim com Flashpoint, que apagou toda a existência da DC Comics que conhecíamos e se aventurou de fato a fazer um reboot total e completo de quase todos os seus personagens, incluindo os mais importantes heróis de sua editora. E em seu retorno, intitulado "Os Novos 52", ele colocou a Liga da Justiça na frente desta liderança esse tempo de mudanças. Não querendo avaliar aqui a mudança do mercado (que pra mim foi um mal necessário para atrair não somente quem lê quadrinhos frenquentemente, mas especialmente pra quem nunca pegou um para ler na vida) e sim o que a história nos mostra, o foco aqui é: o que essa mudança realmente traz de novo, e o que ela nos faz relembrar? Vamos começar o review abaixo:

A premissa de 'Origin' é até bastante simples: misteriosos alienígenas estão aparecendo ao redor do globo carregando uma misteriosa caixa de metal.Investigando o assunto, Lanterna Verde aterriza em Gotham, que vê Batman perseguindo um desses aliens. E um herói começa a encontrar o outro, e por aí vai, até que a verdade é revelada: o maligno soberano de Apokolips, Darkseid, está fazendo uma invasão em larga escala na Terra, junto com seus asseclas, não só afim de dominar o planeta mas também para achar sua misteriosa filha. mas além disso, a batalha contra Darkseid tem um outro objetivo: dar um status a esses personagem em nossa sociedade. No fim as misteriosas figuras que são chamadas de "monstros", ou até mesmo "deuses", passam a ser definidas como Super Heróis.



A HQ é bem clássica no sentido que a ação predomina a todo momento, mas ao mesmo tempo é nos pequenos momentos que ela ganha força e apresenta seu real objetivo. É apresentar não só as personalidades e as ligações entre essas pessoas, vendo o que as torna opostas e ao mesmo tempo os pontos em comum que fazem daquela união ser tão forte. Ver a amizade já solidificada entre Barry e Hal, e de certo modo a fragilidade do Batman perante tal situação (ao ponto de abandonar capaz e capuz para dar cabo da missão), além de um Superman mais jovial e cabeça quente, bem diferente do escoteiro que conhecemos, e uma Aquaman arrogante e bad-ass como a muito tempo não se via.


A missão era mostrar exatamente os heróis em inicio de carreira, para que quando formos pegar as revistas solo desses  heróis e vermos como eles estão hoje em dia, nós percebermos essa diferença.Acho que de todos, a que tem a diferença mais brusca (e automaticamente a que vai ser o maior alvo das polêmicas) é no caso Mulher Maravilha, que é uma versão mais jovem, inquieta e até mesmo mais infantil do que é mostrada na revista de Brian Azzarelo (que é uma ótima HQ, por sinal). Mas principalmente mais a frente, você verá que essa Mulher Maravilha serve de complemento a que é mostrada na revista solo, que graças a sua qualidade (e suas vendas) ganhou mais ou menos o status de "intocável" dentro da editora, já que mesmo que os acontecimentos de fora não entrem na revista solo, o que acontece na revista solo tem influência no que aparece nas outras histórias.


Além disso, o objetivo da história é fazer você se importar com eles e com o momento crucial de suas vidas, onde é formada a primeira equipe de super heróis da Terra e a classificação como herói por parte da população. Conceitos foram mudados, visão foram modificadas, assim como o mundo, pro bem e pro mal. Isso é mostrado ao longo da história por diversos pontos de vista, seja do Batman, seja do ser humano comum, na figura de David Graves (personagem que já adquiriu status importantíssimo dentro do Novo Universo DC, especialmente na próxima saga), mas especialmente Ciborgue, aquele que até então tem as relações mais humanas da trama, e que passa de espectador a participante do ataque de Darkseid a nosso mundo, além de relação complicada que tem de seu pai que, assim como a história demonstra, procurar mostrar a humanidade que existe em todos nós, e como isso nos movimenta a fazer o bem.


E na escolha de Darkseid como vilão principal traz bons e maus aspectos a história. Não que eu não concorde como escolha para ser o primeiro vilão principal (afinal, se for começar com algo, comece pensando grande, e esse é uma regra que também vale para o futuro filme da equipe), mas no fim das contas, ela funciona muito bem como história introdutória da equipe e seus heróis somente se pelo menos você já ouvir falar do nome dos personagens (acabando não se tornando um defeito tão grande assim, exceto se você nasceu ontem), assim como uma apresentação básica, porém forte, do que é o Darkseid. E aí é que mora o problema: no final a história fica em aberto demais, e não explora todo o potencial e possibilidades que Darkseid e o Quarto Mundo podem oferecer, mas que devido a aparição de Pandora (a tal filha "perdida" e principal ponto de interrogação no final de Flashpoint), pelo menos me dá a crer que eles voltarão em 'Trinity War'.


Algo que vale a pena ser citado rapidamente aqui são os extras do encadernado, contendo fichas dos principais responsáveis pelos trabalhos nos laboratórios S.T.A.R, fichas de interrogação de Amanda Waller a Steve Trevor, e a introdução do livro de David Graves sobre Atlântida.Todas essas pequenas informações servem para explorar mais fundo certos aspectos de 'Origin', assim como dão pistas sobre o que pode vir no futuro.Temos temos um olhar detalhado sobre os designs da equipe feitos por Jim Lee (que fez um ótimo trabalho desenhando a história) e Cully Hamner (RED, Besouro Azul,Questão).


Mas no final a questão é: como 'Origin' se saiu? Ela é simplista, bem humorada, direta e cheia de ação (o que pode desagradar aqueles que curtem histórias mais desenvolvidas e detalhistas), mas mostra na interação de seus personagens força suficiente para fazer novos leitores se interessarem em correr atrás das aventuras solos deles, e ao mesmo tempo lembrando aos leitores antigos porque nós gostamos e ainda continuamos acompanhando as histórias desses personagens. Eles são nosso deuses modernos, nossos guias morais, nós nunca vamos nos desprender deles por mais merdas as editoras possam fazer, sempre estaremos ao lados deles e esperando que eles nos ofereçam o melhor. Neste caso, é a porta de entrada para que nos apaixonemos pela Liga da Justiça (e o Universo DC) novamente.


E quero deixar bem claro que essa história prova minha teoria de que se o filme dos Vingadores fosse uma história em quadrinhos, todos iriam odiar.

NOTA: 8.0